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“Jokerman” para pensar o Atualismo

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por Aline Montenegro Magalhães

O Exporvisões “em movimento” tem o prazer de apresentar a versão do clipe “Jokerman” (Coringa) de Bob Dylan, criada e editada pelo professor Fábio Hering. O vídeo em tela é uma composição original e provocativa que mistura o clipe oficial da música (1983), a interpretação de Caetano Veloso no show Circuladô (1992) e imagens criteriosamente selecionadas e organizadas por Hering. 

A sequência veloz de imagens sob as vozes de Dylan e Caetano (que dupla!), nos impacta. Nos coloca em contato com a ânsia e a ansiedade por atualização que marcam os nossos tempos. Afinal, “ninguém quer ficar para trás”. Todos desejamos estar up to date com as informações, com a tecnologia, com a moda. É o “Atualismo”, que diz respeito a uma relação específica com o tempo. 

Na nossa relação com o tempo identificamos que, frente à aceleração das mudanças, da obsolescência dos objetos, da circulação de informações e mercadorias, a nostalgia mobiliza processos de tornar o passado presente. Há o receio de o tempo escorrer entre os dedos das mãos que se fecham no esforço de reter tudo o que puder daquilo que tende a desaparecer. É aí que vemos o papel dos museus e do patrimônio, simulacros de realidades desaparecidas e imortalização do presente. Museus de cera,  coleção de réplicas, reconstituições idênticas de edificações e espaços para deleite e conforto dessa sociedade tão insegura quanto ao futuro e tão ansiosa no presente.

“Jokerman” essa canção genial de Dylan, que aborda tantos temas, como religião, política, cultura e meio-ambiente, não apenas embala o bombardeio de imagens com seu ritmo “reggaeado”, mas com elas nos tira da zona de conforto para enfrentarmos nossa história, nossas lutas e dilemas… Fiquemos então com a carta mais valiosa do baralho para pensarmos e agirmos no nosso tempo.

https://www.facebook.com/lamupi.ufop.br/videos/2273344889441463?s=100031830282437&v=e&sfns=mo   P.S: Agradecimento especial a Fábio Hering pelo presente, a Valdei Araújo pela provocação e a Gustavo Montenegro, meu irmão, que além de ter indicado umas leituras, foi a inspiração para a última frase deste texto.

Para saber mais sobre Atualismo

ARAÚJO, Valdei e PEREIRA, Mateus. Atualismo 1.0. Como a ideia de atualização mudou o século XXI. Vitória: Editora Milfontes/ Mariana: Editora da SBTHH, 2019.

Visite a página do LAMUPi – Laboratório de Museologia, Teoria Museológica e Patrimônio, onde será possível conhecer mais sobre o professor Fábio Hering e os projetos que cordena, como o Fabulações Museológicas que gerou a ideia do vídeo: www.lamupi.ufop.br

[cite]

Comentário

  1. Comentário

    Nilzeth Montenegro da Silva Magalhães says:

    Parabéns minha filha ALINE. Muito bonito muito lindooooo. Me orgulho de você. Beijos e bençãos.

    1. Muito obrigada, mãe, por sua participação aqui, com palavras tão doces de felicitações e incentivo. Te amo!

  2. Adorei o texto. O tempo sempre um enigma a nos devorar. Obrigado Aline, obrigado Fábio!

  3. Aline, obrigada pelo texto! Quando fala da imortalização do presente, lembrei das reflexões do Umberto Eco, no livro “Viagem na Irrealidade Cotidiana – especialmente dos museus de cera e outros espaços americanos que querem simular tanto a realidade que ficam até mais “perfeitos – e do Pierre Jeudy, no livro “Espelho das Cidades” – preservação seria uma uma forma do ser humano ficar com a consciência tranquila… Talvez por tantas destruições?

    1. Nossa Valéria, que sintonia!
      Não coloquei no texto para não ficar repetitivo com a divulgação do próprio vídeo feita pelo autor, Fábio Hering. Mas a palestra proferida pelo professor Valdei Araújo discutiu atualismo estabelecendo um diálogo entre essa obra do Umberto Eco e outra de um autor coreano chamado Byung-Chul Han, Shanzai: Deconstruction in Chinese (2017).
      Veja só a divulgação da palestra que aconteceu no dia 22/08/2019.
      https://www.youtube.com/watch?v=obCkeCbZBjQ&t=30s
      Beijossss e obrigada por sua participação aqui non blog, enriquecendo a reflexão e o debate.

  4. Pura sintonia!
    Não conheço a obra do Byung-Chul Han.
    Obrigada pela dica!